quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ato Anárquico da Deambulação

      Como proposta numero 1 para começarmos bem o ano, que tal um ato anárquico da deambulação? Esta é direta para grupo Arte e Sentido mas tá aberta.....e então pessoal?
      Bem a gente pode começar dizendo que este ato foi descrito por Guy Debord em 1957 na sua "Teoria da Deriva". E voltando um pouco atras, o que ele fez foi revisitar a postulação do "desejo" surrealista que nada mais era do que o interesse pelas ruas. Interesse este que se engajou ao compromisso revolucionário e que se extendeu ate a crise dos anos 30, época em que as espulsões e dissidências do partido comunista se intencificaram. Então ditou a utopia surrealista: Transfigurada a Arte pela Vida, Transfigura-se a Vida pela Arte.
      Estas idéias surrealista, que também eram descendentes do Delírio Deambulatório de Rimbaud (onde ele inaugura uma linguagem simbolista resultado de uma conturbada desconstrução social do II Imperio), de "transformação da vida" vai misturar poesia, sonho, fantasia e esoterismo com a realidade. A "Supra Realidade engloba todas as noções, é o horizonte comum das religiões, das imagens, da poesia, da embriaguez e da vida mesquinha. Fundidas no plano da supra realidade, tanto a realidade das ruas qto a realidade da imaginação são fontes preciosas de material bruto, intocadas pela experiência da arte. Neste sentido a pratica deambulatória é incorporada como um novo procedimento a pratica artistica. " Quando a arte assume este espaço social e é então considerada "trabalho", os paradigmas da ciência e da filosofia tratam logo de interrogar o empirismo romântico e naturalista. A isso Arthur Danto descreve como "a formação do novo mundo da arte (Art World/1964) que se diferencia rapidamente como segmento social, em um processo de hiper definição que terá seu pico ao final da primeira metade do secXX, quando se distingue então o que é e o que não é artistico.
      "Além da fronteira da arte, encontra-se a vida, de um modo geral, o domínio do não artistico que pode ser expresso pelo poder de metáfora da arte - não pertencendo a arte, até ser dito ou representado por ela."
(retirado do texto Vanguardas Anti arte e outras Rupturas de Maria Helena Bernardes- Arena)
      Voltando a Guy Debord, seus textos foram a base das manifestação de maio de 68. Seu livro mais conhecido é a Sociedade do Espetáculo publicado em 67. E na Teoria da Deriva (formulada em 58)ele vai estudar "as ações do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas. Partindo de um lugar qualquer e comum à pessoa ou grupo que se lança à deriva deve rumar deixando que o meio urbano crie seus próprios caminhos. É sempre interessante construir um mapa do percurso traçado, esse mapa deve acompanhar anotações que irão indicar quais as motivações que construiu determinado traçado. É pensar por que motivo dobramos à direita e não seguimos retos, por que paramos em tal praça e não em outra, quais as condições que nos levaram a descansar na margem esquerda e não na direita... Em fim, pensar que determinadas zonas psíquicas nos conduzem e nos trazem sentimentos agradáveis ou não." (Wikipédia)
      Mais que uma ação politica, esta é uma ação construtora do nosso espaço, mais que uma psico geografia, mais que uma consciencia da georafia urbana, muito mais que um simples olhar e conscientizar é buscar em cada um a consciência de ser e estar e todas as relações que implicacam neste movimento.
      Em tempo ainda - Deambulação - deambulatório = local para andar; projeção da consciência, desancoramento da consciência. descoincidência. desconexão. descorporificação. desdobramento ...

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